
O jogo Adopt Me! parece ser moda entre crianças e adolescentes e contabiliza mais de 450 mil jogadores simultâneos todos os dias, caracterizando-se como um dos preferidos, com mais de 10 bilhões de visitas. Em 2020, acumulou mais de 1,6 milhão de jogadores simultâneos, tornando-o o primeiro e único jogo a ultrapassar a marca de um milhão de jogadores ao mesmo tempo.
A estética do Adopt Me! é fofa e sua experiência, descontraída: jogadores podem criar e vestir centenas de bichinhos (que são categorizados em diferentes níveis, como os lendários e os raros, por exemplo), além de terem a chance de decorar sua própria casa e brincar com os amigos. A forma de obter os pets no jogo é chocando ovos, que podem ser comprados com doce ou pão de gengibre, ou trocados com outros jogadores.
As ecoeducadoras Giselle e Patrícia foram apresentadas ao jogo, até então online, por um dos adolescentes participantes do "Quero Saber…". Com base no interesse demonstrado por ele e percebendo o potencial ali envolvido, desenvolveram uma adaptação do jogo, versão tabuleiro. Ao saber da atividade proposta pela dupla de voluntárias, o garoto ficou estimulado a contar a elas tudo o que sabia do Adopt Me!, as regras, os animais e suas categorias.
Conforme o adolescente se empolgava ao compartilhar seu conhecimento com as voluntárias, elas o estimulavam a escrever os nomes dos bichos que faziam parte do jogo e apontavam possíveis reflexões, caso a grafia não estivesse correta. Dessa forma, puderam trabalhar a diferença dos sons de "r" e "rr", em CACHORRO; bem como acento agudo em BÚFALO; acento circunflexo e os diferentes sons do "x" em FÊNIX e também o uso do "ç" em PREGUIÇA TERRESTRE.

Nos encontros seguintes, outra adolescente participante do "Quero Saber…", que também conhecia o jogo, se engajou na proposta. Ambos se sentiram muito animados em escrever as regras do jogo e definir um objetivo para ele, sobre o qual fizeram uma reflexão a respeito da meta a ser alcançada ou "quando o jogo acaba" e concordaram que o jogo não precisaria terminar.
Os adolescentes, de maneira espontânea, optaram por não haver vencedores no jogo e torná-lo algo contínuo, em que o prazer é o próprio trajeto do jogo, por meio das conquistas e do compartilhamento. Trabalhar esses valores e vê-los absorvendo-os tão naturalmente é muito interessante e quebra diversos paradigmas em nós, adultos.
Além desse aspecto, o jogo proporcionou diversas interações, que levaram à discussão de valores importantes, como competição, "roubar" no jogo, respeito às regras, colaboração e cooperação.

O Adopt Me! também propiciou desenvolvimentos de habilidades importantes, como a definição das regras, que eles tiveram que escrever, a adaptação da realidade virtual, conhecida pelos adolescentes, para o jogo de tabuleiro e a autoconfiança, uma vez que tiveram que explicar todo o jogo para as ecoeducadoras, que não o conheciam.
Na adaptação para o tabuleiro, o jogo contou com cartões com perguntas acerca de curiosidades ou sobre grafia das palavras, além de um um banco responsável pela compra e venda dos pets, o que também desenvolveu habilidades matemáticas nos adolescentes.

Nesse contexto, os adolescentes é que dominavam o tema e ensinaram as ecoeducadoras que, primeiro se dispuseram a aprender com eles, para depois criarem juntos um novo jogo. A escuta ativa do "querer saber" rendeu uma atividade cheia de reflexões e possibilidades. Reconhecer as habilidades e aquilo que cada adolescente já sabe é uma maneira de fortalecer sua autoestima para que se sintam confiantes para o desafio de superar suas defasagens. Para esses jovens ficou claro que o valor de ganhar qualquer partida de jogo não se compara à importância de se sentir valorizado, escutado e respeitado. O jogo de interesse e domínio deles foi remodelado para estar dentro da casa em que moram, em sua realidade. Com certeza, cada jogo depois dessa atividade, terá outra dimensão.

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